Satsangs

Sri Prem Baba: Fechemos os olhos por um instante. Recolha-se na calma do seu coração. Respire suave e profundamente pelas narinas, e a cada expiração permita-se se esvaziar de toda a expectativa. Ocupe o seu corpo. Testemunhe o fluxo da respiração assim como o fluxo de pensamentos, emoções, sensações, sem julgar ou criticar. Quando sentir, abra os olhos, mas mantenha a consciência no momento presente e perceba o poder do silêncio. 

Um instante de silêncio interior é suficiente para mudar completamente a sua mente, suas emoções, seu estado de ânimo, ou seja, um instante de silêncio é suficiente para mudar a sua realidade. Eu dou o meu melhor para que você descubra esse poder; que você possa experienciá-lo e que faça uso dele. O silêncio é a base da alquimia que transforma o veneno em néctar e a morte em imortalidade. Eu trabalho para que você possa afinar-se com os códigos divinos do silêncio e que com isso possa vencer a morte. O silêncio é a vitória do espírito sobre a matéria. Essa é uma síntese do nosso trabalho: realizar esse silêncio interior. É desse silêncio que nasce tudo que é belo e verdadeiro; tudo o que edifica e constrói. 

Pergunta: Amado Guruji, sei que talvez eu tenha que descobrir isso por mim mesmo, mas ajudaria se você pudesse falar um pouco sobre o seu jogo, até para que possamos contribuir mais. Sinto que seu trabalho une ciência e espiritualidade. Vejo você sentando-se com lideranças religiosas, lideranças políticas, financeiras, com artistas, com formadores de opinião, aparecendo frequentemente na grande mídia. Você pode nos revelar um pouco sobre esse aspecto do seu propósito?

Sri Prem Baba: Eu posso lhe dizer isso de diferentes maneiras. Começando com uma visão mais mística, onde lhe digo que eu trago um propósito ancestral, que é forjar os alicerces de uma nova consciência e criar uma bolha, uma idade dourada dentro da idade de ferro. Isso pode soar muito subjetivo e até um tanto pretensioso, mas se for falar do mais profundo do meu coração, daquilo que me move, que me faz acordar de manhã, talvez eu te assuste. Talvez você me ache louco ou no mínimo, megalomaníaco. Mas eu vou lhe dizer por que você está me perguntando com amor, com respeito, com honestidade. 

O que me move é o sentimento de salvar a raça humana. Justamente por fazer essa união entre espiritualidade e ciência, eu vejo coisas que poucas pessoas veem. Fui abençoado com essa lucidez. Para compreender melhor o que estou a dizer, podemos nos valer de alguns números. Por exemplo: cerca de um por cento da humanidade detêm toda a riqueza do planeta. Poderia falar também do número de suicídios, de casos de depressão e de violência; e do quanto sobra de dinheiro utilizado para tentar criar uma ideia de segurança. O ser humano se sente constantemente ameaçado, pois a violência é uma realidade. Mas a violência é fruto da miséria e essa miséria tem duas faces: a miséria de alimento, ou seja, pessoas que passam fome de comida; e a miséria afetiva, aquela gerada pela carência e que é um buraco sem fundo. 

E esses dois lados da miséria humana estão destruindo a humanidade e o nosso sonho de civilização. Nós estamos destruindo o planeta. De um lado existe uma ignorância que gera um profundo desequilíbrio na economia e do outro lado existe uma ignorância que gera um desequilíbrio psicoemocional. Essas duas faces, inevitavelmente, se encontram e se mesclam, o que gera um círculo vicioso altamente perverso e destrutivo. 

Os desdobramentos disso são complexos e profundos, mas movimentam toda a máquina que organiza a vida em sociedade. Vemos que o que move esses mecanismos que estruturam a sociedade são distorções do amor, especialmente o medo e o ódio. É o medo que sustenta a economia. Onde existe medo existe ódio. Onde existe ódio existe medo. E esse círculo vicioso vem se autoperpetuando na medida em que, indiscriminadamente, colocamos novos seres no mundo. Somos movidos por impulsos inconscientes que têm sua raiz em condicionamentos religiosos e sociais, que têm feito ignorância procriar ignorância. Enquanto os pais estiverem inconscientes a respeito do propósito maior de trazer um ser a esse mundo, não teremos como interromper esse pernicioso círculo vicioso. Pernicioso por que, se os pais não têm o mínimo de amor maduro para oferecer à criança, eles irão alimentar esse círculo vicioso de uma maneira muito concreta, começando por dar à criança um leite envenenado de ódio, o que acorda o ódio e o medo que já estão no seu DNA, impresso nas suas células. A única maneira de ativar novas partículas no DNA é através do amor. Muitos puderam cultivar esse amor ao longo dos anos, através de muito esforço, e isso possibilitou que novas sementes de luz pudessem estar no DNA de algumas crianças. E somente o amor pode fazer essa semente germinar, brotar, florescer e dar frutos. 

Quando falo que a única possibilidade para a raça humana é o autoconhecimento acontecer em grande escala, me baseio nesses princípios. Por isso eu criei o movimento Awaken Love, que tem no seu manifesto a intenção de abrir caminhos para uma nova maneira de viver a vida; uma maneira que inclui respeito, amor, gentileza, honestidade. Mas é claro que isso é um jogo de palavras (já que vivemos num mundo em que precisamos nos valer das palavras para nos comunicar), pois não há como decodificar o propósito maior desse movimento em palavras. Estamos propondo uma revolução de consciência, uma mudança de cultura global. Estamos propondo um trânsito do medo para a confiança, do ódio para o amor, do egoísmo para o autêntico altruísmo, do estado de separação e isolamento para um estado de unidade. 

Até bem pouco tempo atrás, esse trabalho era oferecido apenas para poucos buscadores espirituais. Os mestres dessa linhagem a qual eu pertenço sempre trabalharam assim. Mas, durante o Kumbha Mela de 2013, em Allahabad, eu recebi o comando de trabalhar em larga escala, o que não significa necessariamente ter mais devotos. O trabalho espiritual, que se dá através da relação mestre-discípulo, segue da mesma maneira, mas paralelamente a ele, eu tenho um plano que pode ser resumido em explodir bombas de amor em diversos lugares do mundo, especialmente em núcleos de grande influência. Por que essa grande mudança de cultura será possível somente se somarmos os nossos esforços; somente quando aqueles que estão mais acordados e conscientes do que está se passando com nosso planeta se juntarem e se moverem na mesma direção. Por isso, um dos aspectos do meu trabalho é promover e articular encontros e plantar sementes de amor e consciência dentro daqueles que têm o poder de transformar. 

Eu realmente sonho com uma nova política, uma nova economia; uma nova educação, um novo sistema de saúde, enfim, sonho com uma nova maneira de viver a vida em sociedade. E essa nova maneira exclui o ódio e o medo. Nela não há guerra. Em outras palavras, estou trabalhando para criar uma cultura de paz e prosperidade. Estou trabalhando para erradicar a miséria física e emocional. Porém, a miséria física acaba somente se a miséria emocional acaba. Algumas ações podem acontecer de fora para dentro. Essas ações são absolutamente urgentes e necessárias, mas a mudança que sonhamos ver nesse mundo, só pode acontecer se vier de dentro para fora. Por quê? Porque o externo é reflexo do interno. Tudo aquilo que é feito sem lastro no coração tem um prazo de validade muito pequeno. Tudo o que fazemos a partir da máscara tem prazo de validade pequeno, por isso a mudança precisa acontecer primeiro dentro de cada um de nós. 

E como promover mudança dentro sem autoconhecimento? É possível haver mudança sem que a compreensão de que estamos onde nos colocamos? Que criamos aquilo que pensamos e que atraímos o que sentimos? Como é possível uma mudança de consciência sem compreender a mecânica do ego e da mente? Não é possível expandirmos a consciência sem compreendermos que a mente é o maior poder do ser; ela é a árvore de realização dos desejos. Isso significa que, sem ter domínio sobre a sua própria mente, você cria para si mesmo um destino miserável. Mas, tendo domínio sobre a mente, você cria um destino abençoado e favorável.

Seria muito egoísmo querer a iluminação somente para mim. Eu aprendi que esse tesouro precisa ser compartilhado. Eu não quero ir para o céu sozinho, quero levar vocês junto comigo. Foi esse o comando que eu recebi do meu mestre espiritual. Por isso eu tenho me sentado com políticos e líderes de diferentes áreas da sociedade, sempre com esse mesmo objetivo: abrir caminhos para que o autoconhecimento se expanda. E com isso temos conseguido muitas coisas; grandes coisas, mas ainda não sei se verei esse sonho realizado. De qualquer maneira, não me preocupo com isso; eu simplesmente faço o que preciso fazer sem esperar um resultado x ou y. Às vezes dá certo, às vezes não dá. Quando algo dá errado, eu deixo isso de lado e foco no lado que está dando certo e vou seguindo. Estou consciente da dimensão desse desafio. Se já é difícil sermos gentis entre nós, imagine no mundo lá fora. Se não conseguimos ser gentis com o amigo que vem muitas vezes de tão longe para receber o darshan, é claro que é difícil acordarmos a gentileza no mundo. 

Estou falando de uma programação profundamente arraigada no seu DNA; extremamente difícil de descondicionar, mas é preciso começar. Você começa consigo mesmo, transformando e expandindo a sua própria consciência. Você começa renunciando a guerra interna e acordando os valores da honestidade, da autorresponsabilidade e da gentileza dentro de você. Dando o seu melhor para reparar as relações com as pessoas próximas de você, especialmente a sua família. Então, devagar essa onda de amor vai se expandindo para quem está ao seu redor e conforme o amor cresce dentro de você, você vai acordando do sonho no qual você é uma gota separada do oceano. 

Alguns serão conduzidos até o quarto chakra, que é o princípio da iluminação espiritual. Outros, em menor número, para o quinto e sexto chakras. Alguns poucos para o sétimo. Isso é o suficiente para fomentar a mudança. Vou realizar o meu propósito para essa encarnação, mas ainda não completarei o jogo. Quem sabe, em algum outro momento eu possa me revelar um pouco mais. O meu jogo é o jogo do sábio Narad. Eu vim até aqui atendendo um convite dele. Antes de deixar esse corpo, vou contar muita coisa. 

O trabalho está acontecendo. Posso resumir dizendo que o meu propósito é fazer com que você coloque os seus dons e talentos a serviço do amor. Com isso, você ocupa seu lugar no mundo e, ao sentir que está ocupando o seu lugar no mundo, você não quer o que é do outro. Assim você se livra da inveja, da ideia da vítima e dos jogos de acusação. Assim esse planeta poderá respirar por mais tempo. 

O projeto divino para este plano tem alguns pontos centrais e um deles é a consciência do propósito, que faz com que você coloque seus dons e talentos a serviço do dharma, o propósito maior. A ressignificação dos relacionamentos é outro ponto central, pois possibilita uma ressignificação da família e consequentemente de toda a sociedade. Esses são os dois principais pontos ou vias para a transformação. Tendo essas vias abertas, a transcendência para as esferas espirituais é uma consequência. Naturalmente expandimos para os reinos celestiais dentro de nós. 

Nesse momento, o tempo nos pede que a espiritualidade se manifeste de uma maneira muito prática, ou seja, nas nossas relações, no trabalho e na família. A partir daí, naturalmente a consciência vai se expandindo e recebemos guiança para os níveis superiores da consciência. O nosso trabalho é abrir caminhos para a sustentação da presença; é eliminar o que nos impede de estar no momento presente. 

Você tem sustentado a presença? Tem estado presente nos seus relacionamentos e no seu trabalho? Estando presente, naturalmente a consciência vai te levando para cima, em direção à ascensão. Mas, se ainda não pode estar presente nos seus relacionamentos e no seu trabalho, não desperdice o seu tempo sonhando com a iluminação, pois ela é presença. Ela só pode ocorrer, quando você elimina toda a crueldade do seu coração e deixa de se machucar e machucar o outro. Essa é a essência; é o resumo da história toda. 

Alguns amigos não compreendem o meu trabalho e acreditam que devo dialogar somente com pessoas santas; com pessoas que já entendem o que estou propondo e compartilham da mesma visão. Mas eu sou movido pelo sentimento de que todos precisam dessa inspiração, principalmente aqueles que estão comprometidos com a guerra. Se não sou eu para inspirar essas pessoas, quem irá fazer? Por isso eu dialogo com todos. 

São muitas as iniciativas e projetos nas mais diversas áreas, mas considero que, nesse momento, estou dando um pouco mais de atenção para área da educação e do meio ambiente. Na área do meio ambiente, há um foco ainda maior na questão da água, porque estou vendo que a água está acabando. Em 2018, vamos participar do fórum Mundial da Água e pela primeira vez entraremos pelo viés subjetivo do tema. Em 2017 faremos um seminário de abertura, que se chamará “Águas pela Paz”. Estamos unindo líderes religiosos, espiritualistas, cientistas e políticos. Um bom time está reunido para realizar essa tarefa. Eu sinto que a água, como uma manifestação do sagrado e eterno feminino, está insistentemente querendo nos dizer alguma coisa, que nós insistentemente estamos nos negando a ouvir. 

Não é momento para entrar em detalhes sobre tudo que estou vendo. Estou falando de forma geral para tentar dar o máximo de informação e tentar responder a sua pergunta. Esse é o resumo do que tenho feito. Estou abrindo caminhos para uma nova maneira de viver a vida aqui na Terra. 

Estamos também com uma bonita campanha, um lindo projeto que incentiva uma nova forma de fazer jornalismo. Ele será inaugurado em Natal-RN com o nome “Eu sou do amor”. A ideia é inspirar e estimular os agentes da área da comunicação que estão dando passagem para o amor. Abençoado seja cada um de vocês. Que possamos nos afinar com os códigos divinos da paz e da prosperidade. Até um próximo encontro. 

NAMASTE