Prem Baba transmite seus ensinamentos ao redor do mundo, por meio de encontros presenciais e virtuais.
Nessa sessão você encontrará alguns de seus “satsangs”(palavra Hindi que pode ser interpretada como palestra) descritos.
Você pode filtrar por palavras chave ou temas e acessar o conteúdo transcrito.
O difícil teste de relacionar-se, lidar com a frustração e aceitar não ser amado. A renúncia da ideia da vítima para libertar-se da carência afetiva. O autoconhecimento e a revolução da consciência como essência do aprendizado da vida. A causa do desequilíbrio social e a tomada de consciência das raízes da miséria humana. A pobreza enquanto uma distorção do atributo divino da prosperidade. O caminho da autorrealização em direção àquilo que é real, abrindo mão do ilusório. O vício do pensamento compulsivo e a raiz do sofrimento. Quando a meditação analítica é necessária. Quando mudar os rumos do Propósito. Como desapegar da própria história e do eu idealizado, sustentando a Presença. Sustentar a Compaixão no meio da violência.
Sri Prem Baba: Eu lhe convido a fechar os olhos por um instante, a se recolher na calma do seu coração, buscar o refúgio no silêncio interior que é a fonte para o eterno, colocar a atenção no fluxo da respiração, que pode ser uma ponte para encontrar esse silêncio interior. Faça então algumas respirações conscientes, inspire e expire suavemente pelas narinas e observe o fluxo, assim como você observa o fluxo de pensamentos, de emoções, de sensações, sem julgar ou criticar, sem dialogar internamente. Assista passivamente o fluxo daquilo que é impermanente. Você é esse testemunhar. Quando sentir vontade abra os olhos e vamos seguir navegando por esses mares interiores, vamos seguir navegando pelo oceano interior.
Ao ler as muitas perguntas que me chegaram no dia de hoje, eu sinto que pode ser de grande auxílio relembrar alguns pontos a respeito da experiência da alma neste corpo, neste plano terrestre, que às vezes eu chamo de escola. Embora muitas vezes eu diga que não é possível aprender a amar, porque o amor é o perfume do ser e você não aprende a espargir esse perfume, o que você faz é desaprender a odiar, desaprender a sentir medo, que são as capas que encobrem o Ser e que te impedem de espargir o perfume do amor. Mas esse processo de desvendamento do amor é como um aprendizado. Faz-se necessário aprender como gerenciar emoções; como lidar com a mente. Os desafios do gerenciamento das emoções e esse processo de governar a sua mente são desafiados nas relações. Por isso, tenho dito que, se a vida é uma escola, ‘relacionamentos’ é sua universidade. Eu diria até mesmo que é o grande teste da vida - o difícil teste do relacionar-se. Porque é onde você é desafiado constantemente a amar ou a odiar ou a sentir medo; ser desafiado a tomar consciência das suas identificações e poder ir além dela. Em outras palavras, você é desafiado a tomar consciência das capas que encobrem o seu ser e a removê-las. Porque você só encontra a paz, o conforto, a alegria, que você, até mesmo inconscientemente busca, quando você pode deixar o outro completamente livre, inclusive para não te amar. Esse é o ponto central da história. Buscando a síntese da síntese, vamos encontrar isso: a aceitação de não ser amado pelo outro, não ser considerado, não ser respeitado. O que não quer dizer que isso vai te fazer feliz, muito pelo contrário, talvez isso acorde uma tristeza profunda em você, em um primeiro momento.
O início desse processo de aprendizado é você conseguir lidar com a frustração, porque é inevitável que na sua jornada neste plano você vá se frustrar. Muitas vezes, para fugir da frustração e da tristeza, que a frustração gera, você parte para a briga para forçar o outro a dar aquilo que ele não tem para dar, forçar o outro a te enxergar, forçar o outro a ver o seu valor, forçar o outro a te respeitar, forçar o outro a te amar. Mas o outro não está pronto para isso, não está podendo te dar isso. Sinto que essa é a essência do aprendizado e você só vai ser bem sucedido nessa prova, se você conseguir se livrar da sua pobreza interior, que às vezes chamamos de carência afetiva.
Alguns dias atrás quando eu falava sobre prosperidade e abundância, sobre a minha visão a respeito da pobreza, talvez eu não tenha sido totalmente claro, porque surgiu aqui uma pergunta:
Pergunta: Não deveríamos nos preocupar com a justiça social?
Sri Prem Baba: Obviamente devemos nos preocupar com a justiça social. Tudo o que estamos falando aqui é em prol de uma justiça social. A questão é que estou te levando a olhar para a causa do desequilíbrio social, a tomar consciência das raízes da miséria humana e estou dizendo que a pobreza é a distorção de um atributo divino - a prosperidade - que vem sendo alimentada ao longo do tempo por uma série de crenças, até mesmo por tradições, por religiões, que são distorções da religiosidade, da espiritualidade. A espiritualidade promove a afinação com os códigos divinos da abundância e da prosperidade. Estou dizendo que só podemos erradicar essa pobreza interior, que se manifesta muitas vezes também externamente, através do autoconhecimento. Claro que muitas vezes se faz necessário políticas públicas, mas só haverá políticas públicas para erradicar a pobreza, a miséria material e imaterial, quando nossos líderes tiverem já algum grau de consciência de autêntico altruísmo, porque do contrário, todos os mecanismos criados para erradicação dessa pobreza é somente mais um truque do egoísmo.
O que eu estou dizendo é que ao longo de toda a existência todos os seres podem e merecem ser felizes, prósperos, merecem amar e ser amados. Alegria é para todos, felicidade, amor, saúde são para todos. Mas isso é apenas possível através de uma revolução da consciência, que tem sua raiz na erradicação da carência afetiva, a renúncia da ideia da vítima. Não quero dizer com isso que não existam as vítimas, elas existem, são vítimas de uma injustiça social, da ignorância em seus diversos desdobramentos, mas eu me refiro à libertação da ideia de você ser uma vítima, que lhe imobiliza e lhe faz se perder no jogo de acusações; que lhe impede de usar os recursos da sua mente para poder ter as suas necessidades atendidas.
Você vai se encantando cada vez mais com uma história de impotência. Dessa fantasia de impotência surgem os dramas de controle e tudo isso se manifesta, objetivamente, nas suas relações, onde você se torna escravo da atenção do outro, da crença que o outro tem que suprir as suas necessidades, quer seja uma necessidade material, quer seja de afeto. Com isso você fica para fora, sempre esperando que algo venha de fora, que a felicidade venha de fora. Isso é um círculo vicioso, você passa a acreditar que a sua felicidade depende do outro. Isso é um veneno, porque é uma mentira, é uma ilusão. A felicidade está dentro de você e o campo da potencialidade pura, que permite que você possa ter todas as suas necessidades atendidas, também está dentro de você.
Tudo aquilo que lhe impede de acessar o seu mundo interior precisa sair do caminho. Eu sinto que essa é a essência: através desse mergulho interior, poder reconhecer as fantasias da sua mente que você acredita serem reais, ou seja, discernir o que é real do que é ilusório, e abrir mão do que é ilusório. Será que você é mesmo dependente do outro? Será que você não sobrevive mesmo, sem o olhar do outro, sem ter alguém ali para pode atender às suas necessidades? Ou será que essa é uma história que você contou para você e acredita? Ou será que não é só uma crença de impotência que você passou a acreditar como real? Você diz assim:
Pergunta: Amado Baba, ontem me dei conta de que, no fundo, não conheço você. Conheço apenas pedaços da minha história em relação a você. De repente tudo parece mentira ou meia verdade, histórias da minha cabeça e isso me traz uma secura emocional. Será que esse vazio é necessário para que eu desapegue das minhas histórias?
Sri Prem Baba: Talvez, talvez você tenha que passar por essa frustração, por essa secura emocional, porque o que te alimentava era uma fantasia e ela precisa ir embora, isso tudo é sua mente. O que é real? Fico feliz que você esteja podendo se mover em direção àquilo que é real. Podemos até dizer que o caminho da autorrealização é um movimento em direção àquilo que é real. Muitas vezes você não quer ver o real, porque está apegado às emoções geradas pela história criada pela sua mente. A jornada da alma neste mundo é uma aventura incrível, que se resume em você poder expressar a verdade de quem você é. Para isso, você precisa reconhecer o que não é você, vai deixando o que não é você, e vai dizendo: “isso não, isso não sou eu...” Por isso podemos até mesmo dizer que nesse movimento em direção ao real, talvez o seu principal aprendizado, seja o desapego. Quando eu falei em aprender a lidar com frustração, estou falando de desapego, que é sinônimo de aceitação; aceitar a realidade sem precisar criar uma fantasia.
Tudo isso vai ser provocado durante o seus encontros com outros seres humanos iguais a você, onde você é levado a projetar essas histórias no outro, sempre para fugir da tristeza básica de não estar sendo correspondido. Você precisa aprender a lidar com isso, essa tristeza não fere a sua alma. “Ok, hoje não estou sendo amado!” Respira isso, não tire do seu campo de visão ficando com raiva, na sua forma ativa ou passiva - ou você passa a brigar com a pessoa que não está te correspondendo ou você se fecha, fica indiferente “não é comigo, estou bem, estou ótimo!” - Isso é uma fuga, raiva é uma fuga dessa tristeza. Logo, ao invés de você perder tempo se distraindo com a raiva, eu sugiro que você viva a tristeza - “Ok, hoje quem eu queria que me desse alguma coisa, não tem nada para me dar!”. Ao invés de sair brigando, tentando forçar essa pessoa a te dar aquilo que ela não tem para te dar, aceita: “Hoje ela não tem para me dar”. Às vezes dói; entra nessa dor, respira essa dor, até compreender que quem sofre essa dor em você, também não existe, não tem uma existência real. Você não vai chegar nessa liberação apenas acreditando que esse eu é ilusório, você tem que realizar que esse eu é ilusório. Isso só é possível se você entra nessa dor. O que eu quero é que você economize o que de mais valioso você tem nessa vida: o tempo. Não desperdice o seu tempo com brigas inúteis, tentando fazer do outro um escravo para atender os seus caprichos. E quando você achar que conseguiu; que é dono do outro - e alguns podem até passar a vida inteira achando - saiba que isso é uma doce ilusão! Porque na realidade ninguém é dono de ninguém, no mais profundo todo mundo é livre. Às vezes eu compreendo que o desafio é realmente muito grande. Por exemplo:
Pergunta: Querido Babaji, gratidão por me permitir estar ao seu lado durante dois anos. Tantas coisas aconteceram desde minha iniciação em 2014: coisas difíceis, amorosas, curas, gratidão. Agora estou trabalhando com refugiados, acreditando que é um dos meus propósitos na vida, pois eu também fui uma criança refugiada. Mas agora não estou conseguindo ajudá-los, pois encontrei muito ódio dentro de mim. Eu vejo muita dor e muito sofrimento quase todos os dias, pois estou indo nas prisões onde colocam refugiados da Síria, Paquistão e Afeganistão. Estou vendo muita escassez e muita pobreza. Sinto que tenho todos dentro de mim, o que fazer? É esse realmente o meu propósito de vida?
Sri Prem Baba: Talvez! Alinhar-se com o propósito não significa livrar-se dos desafios, porque a vida é ‘relacionamentos’. Independentemente de qual seja seu propósito, você vai se deparar com esse desafio dos relacionamentos e há relações e relações. Agora você está tendo que encarar um aspecto muito difícil da vida humana.
Enquanto você não reconhece a natureza ilusória das suas histórias, ela é tão concreta quanto uma pedra. Às vezes, ao tomar consciência do propósito, ao colocar os dons e talentos em movimento, você é abençoado com relações inspiradoras e vê todo o universo conspirar a seu favor, o que faz a vida parecer tão simples, divertida, florida, perfumada... Mas às vezes esse mesmo propósito te leva a outra oitava da vida dentro de você, que te leva a entrar em contato com as mais profundas feridas e dores da vida humana. Nesse momento você não sabe nem mais diferenciar o que é seu do que é do outro, não tem como saber se esse ódio é seu ou da mente coletiva de onde está trabalhando. Se esse medo que está vibrando em você é da sua história pessoal ou do inconsciente coletivo. É claro que se você for procurar, sempre vai encontrar uma conexão com a sua história pessoal, mas chega um momento em que você não tem mais que procurar a relação de causa e efeito na sua história pessoal - o seu trabalho passa a ser simplesmente sustentar a Presença. O que faz você cair é porque você ainda cai na armadilha de seguir seus pensamentos.
Por exemplo: você acorda com uma tristeza, porque à noite você foi tomado pelo inconsciente coletivo e acessou dores profundas e acordou torto, com uma tristeza, mal estar, que nada explica. Se você for procurar vai encontrar relação com a sua biografia, com a sua história, mas isso pode não ter fim, pode tornar-se um círculo vicioso. O aprendizado é acordar e soltar esse desconforto, tomar um banho e soltar essa tristeza que, por mais corporal que seja, por mais que essa tristeza esteja se manifestando como uma sensação, há um pensamento que, muitas vezes de forma inconsciente, pode ter entrado durante um sonho noturno. Se você não segue esse pensamento, ele vai embora. Mas se você começa a persegui-lo, talvez passe o dia com desconforto, às vezes alguns dias com desconforto, até que algum outro pensamento roube a cena, te leve para outra direção que você também, inconscientemente, vai. Então surge essa dúvida: “Então, quando eu devo fazer a meditação analítica? Onde eu tenho que buscar as causas das repetições negativas e dos sintomas? Quando eu tenho que fazer a meditação no vazio, que é simplesmente parar de pensar?” Eu digo que você deve colocar foco nessa meditação no vazio. Acordou? Toma um banho e solta todo o pensamento, larga todo ele, por mais interessante, curioso, enigmático e fabuloso que tenha sido o seu sonho, solta. Mas quando você não consegue soltar e passa o dia, e você está lá, passa alguns dias e você continua repetindo o mesmo padrão interno, especialmente quando ele se manifesta externamente através de situações também repetidas na sua vida, aí sim, vale a pena fazer uso da meditação analítica: “Quem em mim está indo por esse caminho? Quem em mim está nesse momento escolhendo sofrer?” E vai atrás da causa, para tomar consciência do seu encantamento, da sua identificação, para poder soltar, porque por conta da sua história pessoal, talvez você seja apegado a alguns tipos de pensamentos. Você ainda não entrou na compreensão do quanto o vício do pensamento compulsivo é a fonte da sua miséria. Você ainda não compreendeu que o apego ao vício do pensar compulsivo é a doença básica; é a raiz do sofrimento. Aí você precisa ver isso de novo e de novo e de novo. Pode se fazer necessário estudar exaustivamente essa relação de causa e efeito, até que você possa renunciar à compulsão de pensar. E você continua:
Pergunta: Por favor, me fala que essa maldade vai terminar um dia.
Sri Prem Baba: Essa maldade vai terminar um dia (pausa) para você, só para você. Não caia na armadilha de depender do fim da maldade no outro para ser feliz. Voltamos para a esfera dos relacionamentos. Não tem como você contar com a cura do outro para ser feliz. Eu estou aqui cantando a existência inteira:
PRABHU AAP JAGO
PARMATMA JAGO
MERE SARVE JAGO
SARVATRA JAGO
Por toda a existência... Mas eu não estou preocupado se você vai acordar ou não. O autêntico altruísmo não espera recompensa. Você simplesmente dá, sem querer nada em troca, nem mesmo que essa maldade tenha fim. Caso contrário você vai se sentir muito pequeno e muito impotente e vai paralisar o movimento do amor. Você está no olho do furacão, no olho da crueldade, um cochilo de ‘querer que seja diferente’ e você já se perde. No olho do furacão, você só consegue manter o amor em movimento se você está total na ação, se você está dando sem querer nada em troca: - “Vamos lá fazer o que tem que ser feito.” É um enfermeiro prestando primeiros socorros - uma pessoa se acidentou e você vai lá ajudar - não há muito que pensar a respeito: você vai e socorre! Isso para quem está no campo de ação. E há pessoas com outros propósitos, talvez tentando colocar fim nessa guerra através de uma mediação, tentando interromper essa maldade, crueldade, através de diplomacia ou outros meios. Mas você, que está ali no campo de ação, não pode se dar ao luxo de querer mudar o sistema, precisa se dar ao luxo de não pensar e simplesmente servir. E aí, quando você foi capturada e se perdeu no ódio que está em todo lugar, inclusive dentro de você, na medida do possível se afasta um pouquinho, respira e procura se perdoar e perdoar a tudo e a todos, e seguir a sua jornada. Entretanto, se porventura você se percebe sem condições de continuar nesse trabalho, não há nada de errado com isso. Talvez seja um intervalo no seu propósito, talvez seja um momento de mudança no rumo do seu propósito. Porque cada um só pode dar aquilo que tem, não pode se forçar a dar aquilo que não tem para dar, aí você acaba se machucando também, precisa ter o que oferecer. Se não tem, não caia na armadilha de ficar se culpando, se condenando de não ter o que oferecer, aí já é o eu idealizado exigindo de você um amor que você não tem para dar. Mistérios das relações!
Esse ponto que você está trazendo é um ponto que considero muito importante. Porque por mais que eu tente explicar a complexidade do eu idealizado eu nunca vou conseguir realmente te mostrar como ele pode roubar a cena. É um tirano cruel, ele é exigente com você, é um crítico interno terrível, que cobra que você seja perfeito, que esteja em um lugar que não quer estar e você não relaxa. Surgem tantas confusões a partir daí, porque você é exigente com você e também é exigente com o outro, e aí a vida vira um inferno. Perceba que tudo se resume nessa síntese com a qual iniciei o discurso hoje: deixar o outro livre para não te amar, independentemente de quem seja. Inclusive aqueles que estão fazendo essa guerra absurda, essa guerra estúpida, que está gerando tanta miséria. Você não precisa concordar com eles, eu não concordo com quem está fazendo guerra, mas ao mesmo tempo, eu não permito que isso afete a paz do meu coração, porque se eu permito que isso aconteça, eu estou invalidado, estou fora do jogo. Reconheço que ele não tem amor para me dar e nem para dar a ninguém. O que fazer? Eu vou lá pegar uma marreta para abrir o coração do outro? Não funciona. Isso é o que temos feito: tentando abrir o coração do outro na marra, o que não é possível. O que você pode é se doar desinteressadamente; espargir o amor através dos seus dons e talentos, através da sua oração, através da sua ação, através da sua Presença e vamos indo...
Seu trabalho é difícil - o trabalho de quem lida nas prisões onde estão os refugiados. Não estou dizendo isso para você se sentir uma vítima e nem para se envaidecer, mas para reconhecer que é um trabalho de grande valor e difícil. Nessas horas você acha Deus muito exigente, o amor é exigente. Porque ele exige de você uma pureza, uma capacidade de perdoar que parece não ser humana. Acho que é uma bênção. Já contei essa história para vocês algumas vezes: uma vez eu estava com o Dalai Lama e ele me contou uma história do momento após o Tibet ter sido conquistado pela China. Muitos Lamas foram presos e sofreram severas torturas. Dalai Lama teve a chance de encontrar com um desses lamas, que esteve na prisão por 18 anos, sendo severamente torturado, e Dalai Lama lhe perguntou: “Qual foi o maior medo que você viveu durante esses anos?” Ele respondeu: “O meu maior medo era de perder a compaixão pelos chineses.” Eu compreendo que esse lama recebeu uma grande benção, porque a compaixão tomou conta dele, ele se tornou a encarnação da compaixão, que não o abandona mais, se ele pôde passar por isso, nunca mais fecha o coração para ninguém. Às vezes a gente fecha o coração por nada, só porque o outro não olhou para você do jeito que você esperava. Você está em uma escola exigente, você chegou até aqui e eu tenho o dever de te apertar até que sobre só o amor puro, até que você se torne uma encarnação da compaixão. Esse é o meu dever. Abençoado seja cada um de vocês. Que sejamos canais da compaixão. Até um próximo encontro.
NAMASTE.