Satsangs

Sri Prem Baba: Essa música merece ser traduzida.

PODE PARAR MEU CORAÇÃO

O FIO DA VIDA SE ROMPER

MAS NÃO SE ROMPE ESTE CORDÃO

QUE ME ALINHA COM VOCÊ

MAS NÃO SE ROMPE ESTE CORDÃO

QUE ME ALINHA COM VOCÊ

PODE O IMPÉRIO DESABAR

NÃO TER UM CANTO PRA CORRER

É BEM DIFÍCIL DE EXPLICAR

QUE MESMO ASSIM TENHO VOCÊ

É BEM DIFÍCIL DE EXPLICAR

QUE MESMO ASSIM TENHO VOCÊ

PODE O TEMPO SE FINDAR

A TERRA DESAPARECER

EU SOU ETERNO E QUERO ESTAR

ETERNAMENTE COM VOCÊ

EU SOU ETERNO E QUERO ESTAR

ETERNAMENTE COM VOCÊ

POSSO NÃO CRER EM NADA MAIS

DESCONHECER RELIGIÃO

MAS RECONHEÇO QUE VOCÊ

É VIDA NO MEU CORAÇÃO

MAS RECONHEÇO QUE VOCÊ

É VIDA NO MEU CORAÇÃO

Sri Prem Baba: Eu sinto muito que tão poucas pessoas nesse planeta tenham tido a chance de saborear o gosto do amor. Sinto muito que tão poucas pessoas tenham tido a chance de sentir o perfume do Ser que é ela (a pessoa) no mais profundo. Eu sinto muito que tão poucas pessoas estejam podendo ser elas mesmas. Acho lamentável que uma pessoa tenha que sorrir quando está com raiva, ou que tenha que ficar com raiva para não se permitir sorrir. Independentemente do que você acredita, eu sinto que nessa altura do nosso trabalho, você já esteja consciente da necessidade de se libertar do medo e de tudo que se deriva dele. O sistema de crenças que rouba a espontaneidade tem lastro no medo, medo de sentir dor. Mas o mecanismo de defesa criado para se proteger dessa dor tem criado muito mais dor, porque nada dói mais do que você não poder ser você mesmo.

Você diz assim:

Pergunta: Amado Guruji, estou identificando um medo da falta de identidade, medo do vazio. Estou em um momento que não sei absolutamente nada a respeito dos meus próximos passos. Vejo-me tentando me agarrar a qualquer história para suprir esse vazio. É um grande desespero. Ajude-me a caminhar do medo para a confiança.

Sri Prem Baba: Se faz necessário certo tipo de coragem para amar porque, quando falamos de desconstrução do sistema de crenças, desconstrução da máscara, estamos falando de você poder ser você mesmo. E quando você pode ser você mesmo, você esparge a fragrância do amor. Mas envolve certa vulnerabilidade, envolve viver sem armaduras, porque a máscara é como uma armadura e você teme ser dizimado. Mas esse temor também é uma crença. O fato é que você não sabe o que pode acontecer, mesmo que haja uma programação no seu sistema, mesmo que haja uma marca por ter sido machucado, você não sabe o próximo passo. Você imagina que vai se machucar de novo. Existe uma tendência, mas o fato é que você não sabe. E um dos principais mecanismos de defesa é criar histórias para você acreditar que você controla.

Viver no momento presente é também saborear a sabedoria da incerteza. Mesmo quando você tem absoluta certeza dos próximos passos, será que é verdade mesmo que vai acontecer tudo o que você programou? Existe um ditado que diz, “O homem faz seus planos e Deus dá risada.” Ao mesmo tempo, para se mover no mundo, você precisa de um plano, ou pode ser útil ter um plano. Mas é muito importante que você esteja aberto para que os planos possam ser modificados. É importante que você não se apegue a um desfecho determinado porque no meio do caminho muitas coisas podem surgir. É isso o que eu quero dizer com a sabedoria da incerteza. E você, ao se abrir para isso, é uma forma de resgatar um pouco da aventura da vida. Porque, quando você está apegado a uma história e, consequentemente, a um programa definido e tem tudo sob controle, a vida pode se tornar muito enfadonha, porque você está vivendo a partir de um falso eu. A verdade em você tem uma intuição dos próximos passos, mas é possível que tudo se modifique, porque a verdade em você tem a qualidade do vento: o vento está soprando em uma direção, mas não se pode dominar a direção do vento. Então eu lhe pergunto que mal tem não saber os próximos passos? Por que você está fazendo disso um problema? Por que não se permite viver essa experiência que a existência está te proporcionando e viver um momento de cada vez?

Eu tenho um plano: vou ficar aqui até o dia 15, tenho programado de participar do festival de yoga, depois tenho um retiro de silêncio no Dhyan Mandir, depois vou visitar os devotos indianos lá em Ganganagar. Depois vou para o Brasil... Eu tenho uma agenda, mas eu não estou preso a ela, eu não permito que a agenda me escravize. Eu sei que agora estou aqui. Talvez amanhã eu esteja acolá e eu me permito não saber. E que maravilhoso é não saber! Você diz: “eu não sei absolutamente nada...” Uau! Uau! Isso significa que você está começando a se aproximar de mim. Você pode não acreditar, mas eu também não sei nada! Você pode não acreditar, mas eu não sei nada. Enquanto você estiver com a mente carregada de saberes, você vai projetar isso em mim, vai projetar isso na vida, e você perderá isso; perderá esse encontro.

Estou trabalhando para te tirar da mente. A mente deve estar a seu serviço, e não você a serviço da mente. Algumas coisas podem ter um poder maior de te impedir de viver na presença:

Pergunta: Meu amado Prem Baba, algumas vezes, em sonhos, me pego gritando e brigando com meu pai que já faleceu há 13 anos. Eu o amava muito e sinto muitas saudades. Ele era protetor, carinhoso e amoroso. Meu eu inferior não para de sentir raiva desde que ele se foi. Sempre acreditei na vida após a morte, minha família é kardecista. Como faço para tirar, arrancar esse sentimento? Ele não para.

Sri Prem Baba: O fato de você acreditar na vida após a morte não te ajuda. O que te ajuda é você experienciar que existe vida após a morte. E essa é uma experiência transpessoal, que se dá quando você morre e volta. Você sai do corpo e volta para ele, ou quando você tem um contato com alguém que foi embora de uma maneira tão objetiva que não lhe deixa nenhuma dúvida. Aí já não é mais uma questão de acreditar ou não, é uma questão de saber. Isso não é um saber da mente, você não leu isso em um livro, você experienciou isso; você experienciou uma vida que está além do corpo. Esse é um ponto. Mas talvez o ponto principal aqui, seja o entendimento de que sentimentos não expressados se transformam em uma prisão. Essa é outra forma de compreendermos o fenômeno do karma.

O conceito de karma é muito mal interpretado, especialmente no ocidente, que é visto como uma lei moral. Mas trata-se de uma lei mecânica. O aspecto mais denso do karma foi interpretado por Isaac Newton: toda força de ação provoca uma força de reação, elas são iguais e de sentidos contrários. Isso é karma. E essa lei tem desdobramentos, nas esferas emocional, mental e até mesmo no nível da alma. Se você ama uma pessoa, mas você não expressa esse amor e essa pessoa morre, você vai ficar preso. Preso a esse sentimento que não foi expresso.

A saudade dói. Embora a saudade seja também uma dimensão do amor, e às vezes ela se manifesta por puro amor – afinal de contas, você tinha um caso de amor com o seu pai, vocês se amavam - então é natural que você sinta falta desse amor. Porque o amor alimenta e às vezes você sente fome desse alimento. Mas a saudade, como uma dimensão do amor, é sempre passageira. Mas quando ela está atrelada a um karma, atrelada a um sentimento que foi suprimido, uma ação que não foi completada, quando você tem um sentimento que você não fez aquilo que queria ter feito, aí as coisas se tornam um pouco mais complicadas, porque ele não está mais aqui para poder ouvir suas declarações de amor, não está mais aqui para ouvir até mesmo seus protestos, não está mais aqui para receber seu coração, sua intimidade; e você vai precisar lidar com isso. O que a gente faz terapeuticamente é criar um espaço para você expressar isso que está trancado dentro de você - porque tem sentimento trancado dentro de você. E esse é o seu principal obstáculo, essa é a cola para esse sentimento contínuo de saudade e para esse sonho repetitivo.

E independentemente do que você acredita ou não - eu falo da minha experiência - às vezes eu vejo pessoas que já deixaram esse corpo e que também não tiveram a chance de se expressar. E aí se transformam em fantasmas e ficam ali tentando falar para a pessoa aquilo que não teve condição de falar quando estavam no corpo; o que é um tremendo desespero para essa entidade. Porque aquela pessoa com quem ela quer reparar a relação não consegue ouvi-la. E acontece, muitas vezes, quando ela sai do corpo é que ela toma consciência de que ela deixou muita coisa inacabada. Essa é uma situação difícil de lidar e às vezes leva tempo para se curar. Às vezes precisa de um fenômeno místico, onde alguns canais conseguem dar passagem para aquela expressão que foi bloqueada. Mas o que está segurando a pessoa numa condição negativa foi a impossibilidade dela se expressar quando ela quis. Ela queria dizer eu te amo, mas não se permitia. Claro que eu estou apenas dando um pequeno exemplo de ações inacabadas.

Então, eu sinto que o fato de você não se expressar é um grande obstáculo para a sua realização. Por isso que eu insisto em dizer que se existe algo que possa realmente te ajudar na sua jornada é você ser total na ação, é você ser honesto na sua ação.

A título de exercício: se você fosse morrer daqui a 5 dias, o que você faria nesses 5 dias? Acho que esse exercício te ajuda a criar consciência das coisas que você está deixando para trás. Em outras palavras, não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Como diz a canção: “O amanhã é uma rua que desemboca na praça do nunca. O amanhã é uma rua que desemboca na praça do nunca.”

Você só tem agora para se expressar. Apenas agora. Ande sem deixar rastros. Os rastros são as ações inacabadas. Você diz: "amanhã eu falo, amanhã eu faço, amanhã eu termino", e esse amanhã nunca chega. Você só tem agora para se expressar.

Pergunta: Amado Guruji, eu tenho uma flor no meu peito, é o feminino. É uma rosa cor de rosa e muitos têm pisado nela, incluindo eu. Fui abusada energeticamente pelo masculino porque tenho a vítima em mim. Quando não me posiciono, meu eu idealizado me flagela. Desde que cheguei aos seus pés há alguns dias, tive um sonho com meu tio que morreu em 2015 e ele estava me abusando sexualmente. Eu consegui me virar para ele e dizer: "Pare, ou vou contar para meu pai!”. Foi só um sonho? Minhas noites, às vezes, são assustadoras e inquietas, e sei que tenho muitos ancestrais que dependem de mim para levá-los para a luz.

Sri Prem Baba: Eu sinto que você não deve se preocupar se isso foi somente um sonho ou se foi um acesso aos seus arquivos de memória. Entenda isso como uma forma que o seu Ser encontrou para significar alguns sentimentos. Embora você nunca vá ter certeza se de fato aconteceu o abuso, isso não é importante. O importante é que você se sentiu abusada e a cena que emergiu no seu sonho te explica esse sentimento que você carrega. E se você hoje está podendo tomar consciência de que existe uma vítima em você, se você está consciente de uma distorção do feminino em você, que atrai a distorção do masculino, então eu sinto que se faz necessário você romper com isso. Faz-se necessário você realmente colocar limites nesse abuso. Isso começou a acontecer, você conseguiu dizer “pare ou eu vou contar para o meu pai.” Você começou a curar essa ferida. São feridas e às vezes as feridas são ancestrais e é verdade que às vezes quando você cura a ferida que está no seu corpo emocional você acaba libertando muito de sua ancestralidade que está presa nessa mesma dor.

Por mais que seja difícil, em algum momento você vai precisar perdoar esse seu tio. Você vai precisar perdoar esse masculino distorcido para poder perdoar esse feminino distorcido em você e se libertar da identificação com esse eu sofredor. Se libertar da identificação com o seu corpo de dor. Esse perdão não pode ser fabricado, você não se força a perdoar. Em algum momento você olha para tudo isso de cima. Em algum momento você consegue ter o merecimento de expandir a consciência e olhar para isso de cima e dizer de verdade e em verdade: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem.”

Algumas almas nesse mundo são severamente testadas. O amor é severamente testado porque, para se libertar, elas precisam perdoar e amar certas coisas que são muito difíceis de perdoar e amar. Eles exigem um perdão, um amor, que está além do humano. Só o Divino em você pode perdoar e amar certas situações; é só quando você se torna o perdão, se torna o amor, que você consegue realmente soltar certos laços do passado. Estou fazendo referência a uma frase de Jesus que parece muito distante, um Ser que está sendo severamente torturado, machucado e é capaz de dizer “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem.” Mas a questão aqui é que às vezes isso está sendo exigido de você, um ser humano que talvez se sinta muito distante de Jesus, muito distante desse nível de consciência de um Jesus, mas que a vida está exigindo um grau de perdão, um grau de amor, ou seja, um grau de compreensão do mesmo nível de Jesus. Mas eu vejo isso como uma grande bênção, porque é uma forma de fricção para acordar essa consciência maior em você. É uma forma de acordar o Jesus em potencial que você tem dentro de você. É uma forma de acordar esse perdão infinito, esse amor infinito que tem dentro de você.

É por isso que eu sinto que existe realmente uma programação nesse mundo, que independentemente de como a interpretemos, está te levando para a santidade. Ela está exigindo que você manifeste a santidade. Percebe que você é provocado de todo lado? Provocado para manifestar o seu melhor, por mais que você acredite, que você jure, que você não tem isso dentro de você. “Não, não, tem algum erro nessa matemática, não é possível, eu não tenho esse perdão dentro de mim, não tenho esse amor dentro de mim, não tenho essa santidade dentro de mim. A existência errou o alvo. Isso devia ser para outro, mas está vindo em minha direção, não pode ser. Porque eu não tenho isso para dar”. Isso também não é verdade.

Às vezes você se subestima muito, assim como a pessoa que quis encontrar um jeito de comprovar que ela jamais seria vitoriosa sobre os vícios e que foi a um astrólogo, lembra que o astrólogo falou para ela que ela não tinha saída de jeito nenhum? Tem uma continuação aqui:

Pergunta: Amado Guruji, o satsang de ontem me inspirou a compartilhar. Eu também fui a uma astróloga muito bem recomendada, mas comigo aconteceu o oposto do exemplo de ontem. Ela me disse que estou iluminada! Na verdade, mais do que isso, disse que sou um avatar e que tenho energia para chegar em milhares, talvez milhões de pessoas. Eu sinceramente achei um pouco exagerado. Mas o que você poderia dizer a respeito disso?

Sri Prem Baba: Eu acho que eu prefiro não dizer nada! Talvez, só dizer que é difícil viver sem se enganar. É absolutamente incrível como a gente busca distrações; como a gente se desvia do alvo. Incrível! E tudo isso para não se render ao amor.

Nosso trabalho segue profundo. Para aqueles que estão chegando agora, propus um período de austeridades para aproveitar os eflúvios dessa energia, dessa lua de Shiva. Aí, conforme vamos nos aprofundando, muitos processos são abertos, muitas curas são abertas, muitos se sentem dentro de uma máquina de lavar. O que pode contribuir são momentos de recolhimento, ficar quietinho, assistindo a grama crescer.

A essas alturas talvez você já possa compreender que estando dentro de um campo de prece, o que te ajuda é não fazer, só ficar quieto, só observar. No máximo, vem cantar aqui, fazer o yoga. Isso é suficiente.

Abençoado seja cada um de vocês. Que tenhamos coragem de expressar nossos sentimentos. Até um próximo encontro.

NAMASTE