Prem Baba diz que só a liderança consciente poderá abrir caminhos para a mudança
Prem Baba, cada vez mais as pessoas se queixam do mundo corporativo, se sentem sufocadas no trabalho, muitas acabam ficando doentes. Como fazer para iluminar as corporações?
R: Esse é um dos desafios dessa transição que estamos vivendo. Como fazer com que as associações humanas vivam no amor, na cooperação?
Estou falando desde uma associação que é um casamento, uma família, uma organização social sem fins lucrativos, até uma corporação com fins lucrativos.
Claro que quando a associação envolve dinheiro, eu diria que o desafio se multiplica. Porque o ego disfuncional acaba usando o medo da escassez para manipular o outro e tirar dele energia. O ego disfuncional se vale da crença de que o dinheiro resolve todos os problemas, e a grande maioria da humanidade está totalmente refém dessa crença. É aí que ocorrem os abusos de poder, os abusos de autoridade. É onde muitas das doenças do ego se manifestam de uma forma muito livre, e ainda respaldadas por todo um sistema de crenças que vêm operando na mente coletiva das organizações há séculos.
Quem pode ajudar a mudar essa situação nas corporações, Prem Baba?
R: Só quem tem a possibilidade de transformar essa cultura organizacional que age autonomamente é quem está no topo.
Certamente, nós carecemos de lideranças conscientes. Lideranças conscientes, inclusive, de que é o amor que possibilita a saúde daquela empresa e que garante o fluxo da prosperidade.
Eu não estou falando aqui de prosperidade somente como lucro — o lucro obviamente faz parte desse jogo —, mas ele precisa ser visto como o resultado do amor em movimento.
O capitalismo precisa ser reinventado e essa reinvenção só vai acontecer à medida que as lideranças comecem a despertar e a investir tempo e dinheiro no treinamento de todos os que estão com ele.
Como o senhor vê esse treinamento? Que tipo seria, Prem Baba?
R: Temos que investir tempo e dinheiro no desenvolvimento humano. À medida que a liderança acorda, ela começa a perceber que o que provoca o estresse é o esvaziamento do amor. É quando o medo assume o jogo.
Ou seja, com o medo vêm todas as falanges da natureza inferior — a competição, a disputa — para atingir um objetivo que está vazio de propósito. Porque, se tem propósito, tem amor.
Porque o propósito é o amor em movimento; está a serviço de algo. Quando a liderança acorda, quem está com ela começa a poder vir junto. Uma possibilidade surge. Estamos falando de níveis de consciência. Nesse sentido, é possível que alguns líderes estejam em um estágio de consciência em que não vão se adequar a essa mudança de cultura.
Por consequência, aí talvez seja necessário um reposicionamento. Porém, é importante que a liderança possa abrir caminhos para que aqueles que estão com ela possam também se elevar.
Prem Baba, as corporações muitas vezes sugam seus funcionários. Como o senhor pode falar de amor em empresas?
R: Sim, é estranho falar de amor nas corporações. Certamente vou lhe dizer que isso está já acontecendo em alguns lugares. Cada vez mais está surgindo, porque tem líderes acordando e compreendendo ser nesse lugar, nesse trabalho, que as pessoas passam maior parte do tempo do dia e dedicam suas vidas a essa causa.
Ao mesmo tempo, essa causa não pode ser somente o enriquecimento material. Essa causa precisa realmente estar conectada com algo maior para fazer sentido.
Tem que fazer sentido para que você possa acordar de manhã com alegria. Tem que ter coração, tem que ter amor. Porque o que você quer é poder respirar amor.
Há pessoas que já começam a sofrer no final das férias ao saberem que voltarão. O que o senhor tem a falar para elas, Prem Baba?
R: Esse é um assunto profundo e complexo. Primeiro, fica claro que quem já começar a sofrer antes da volta é porque não está onde gostaria de estar.
Inegavelmente, esta pessoa está identificando um desconforto em estar nesse lugar e, pela dimensão do desespero, é sinal de que está se forçando a estar nesse lugar já há muito tempo.
Enfim, esse desconforto está querendo dizer algo para a pessoa, existe uma mensagem aí. Talvez a pessoa não esteja onde deva estar. Essa é uma questão que precisa ser encarada.
Prem Baba, mas o senhor concorda que não é fácil fazer mudanças, principalmente de emprego, não é mesmo?
R: As mudanças às vezes são desafiadoras. Elas ativam inseguranças, medos, incertezas. Contudo, em algum momento na vida é preciso lidar com isso.
Certamente deve haver um movimento em direção ao propósito da alma. Porque, se existe esse desconforto, se existe esse desprazer, a pessoa não está alinhada com o propósito. Embora seja importante lembrar que esse movimento em direção ao propósito tem o seu tempo.
Tudo é um processo. Entretanto, é inevitável que em algum estágio dessa jornada, a pessoa precise passar pelo olho do furacão, pela turbulência da mudança que envolve uma morte, um término; às vezes um luto, uma zona neutra e depois um recomeço. Aliás, às vezes ela passa por tudo isso durante o movimento de conscientização.
Algumas pessoas acabam ativando pânico, depressão e uma série de sintomas difíceis por conta de estar fazendo essa transição no movimento, pois não têm escolha, já que têm contas para pagar, família para cuidar, etc.
Há profissionais que se sentem sem energia para mudar a situação. Prem Baba, é possível que eles se auto bloqueiem e não consigam ser bem-sucedidos na carreira?
R: Talvez o primeiro passo seja mudar a frase. Ao invés de dizer: “eles não conseguem”, talvez seja: “eles não querem”.
Posteriormente deve ser feita a pergunta: será mesmo que eles não querem? É preciso utilizar a auto-observação e investigar essa parte em que se sente sem energia para mudar a situação.
Quem em você que está tão esgotado, tão cansado? Por quê? Talvez você esteja se enganando. Ou não queira mudar essa situação. A princípio, é neste ponto que nós entramos naquele lugar tão difícil, até falar é difícil.
“Como assim? Será que eu não quero sair desse inferno?”
Ainda assim, por mais que você esteja se dedicando e fazendo o que considera que seja o seu melhor, se está ainda nessa situação é porque está se enganando. Você ainda não está dando o seu melhor em relação a essa pesquisa interior para enxergar o seu não para a transformação.
Como a pessoa pode parar de se autoenganar, Prem Baba?
R: A vida é um espelho: todas as dificuldades que estão fora, são reflexo de um emaranhado que está dentro.
Quando a pessoa diz que ela bloqueia a si mesma, já conseguiu identificar isso. Ótimo! Ok, um passo foi dado!
Agora, se faz necessário dar um segundo passo. Por que você se bloqueia? O que você está ganhando por se colocar nesse lugar?
Porque eu afirmo que tem um ganho. Sempre tem um ganho. A natureza inferior sempre age na barganha. Nunca é de graça.
Veja, você nunca está numa situação ruim de graça. A natureza inferior sempre está ali querendo chegar a algum lugar, tirar algo, uma vantagem. Da mesma, forma pode ser uma vingança, um protesto, ou ainda uma forma de chamar a atenção. Sempre tem um porquê.
Então, eu estou sugerindo focalizar a auto-observação para enxergar esse porquê. Isso é prático. Então, está claro que a auto-observação deve ser cultivada diariamente?
Agora que você chegou até aqui posso sugerir que você passe a outra leitura. Uma vez que expandir a consciência e se conectar com o seu propósito é uma jornada para aceitar e reter os ensinamentos. Leia Agora!