
julho 14, 2020
reconhecimento da incapacidade de amar é um passo e tanto a ser dado na jornada. Poder encarar essa realidade de frente é motivo para também levantar os braços aos céus e agradecer, pois ao se dar conta disso, uma grande camada de ilusão se desfaz. Em outras palavras, quando você diz para si mesmo que não sabe amar, está dizendo “eu não estou vivendo; eu não sei quem sou; estou completamente perdido; estou andando nos círculos da ignorância, conectado à pulsão de morte”.
O amor é a respiração da vida. Se você não está amando, tampouco está respirando – ou seja, está morrendo asfixiado. E o que está te asfixiando são camadas de ódio e de medo que encobriram a verdade de quem é você. Em outras palavras, você está dizendo que não tem tido liberdade para ser você mesmo porque em algum momento, perdeu a espontaneidade de ser.
Em algum momento você rompeu com a sua essência e passou a usar uma máscara que, inevitavelmente, te fez perder a conexão com o seu real centro – porque passou a acreditar ser essa máscara e não quem é de verdade. Infelizmente, isso acontece com a grande maioria dos seres humanos em evolução nesse planeta, logo no início da vida.
Por aqui, o nível de consciência é muito baixo, justamente por conta do esquecimento da verdade maior de quem somos. As capas de ilusão são muito grossas e estando identificado com elas, você dá passagem para a crueldade e a perversidade que, por sua vez, geram mais e mais ignorância, criando círculos viciosos perpetuadores de sofrimento.
A criança nasce livre e amando, mas ainda muito cedo aprende a odiar, a sentir ciúme, a ser possessiva, a se vingar. Aos poucos, passa a usar uma armadura – feita de máscaras – para se proteger. São tantas as máscaras que chega um momento em que ela se esquece de que está usando essa armadura e passa a viver mecanicamente uma vida artificial.
Por onde começar essa mudança? Tomando consciência de que se está preso em uma armadura e removendo-a. Alguns sintomas podem identificar essa prisão, sendo a insatisfação o principal deles. Há determinadas áreas na sua vida onde você não pode ser você mesmo, onde não é espontâneo e o amor não flui. Você precisa usar uma máscara, precisa fingir ser porque aprendeu a acreditar que, se usar essa máscara, nesse ambiente específico, você terá suas necessidades atendidas. Será aceito, protegido, amado.
Essa é uma estratégia do seu corpo de sofrimento que foi criado quando você foi impedido de ser você mesmo. Esse corpo de sofrimento é um aspecto da armadura. Você acredita que, ao fingir ser do jeito que esperam que seja, será aceito. Isso serve para qualquer grupo social. Por exemplo, a pessoa nasce em uma família de criminosos e por isso acredita que, se for um bom criminoso, será aceita nesse grupo. Dessa forma, ela dará o seu melhor para se especializar no crime, pois assim, poderá pertencer àquele grupo.
Talvez você esteja tão anestesiado que nem possa sentir a insatisfação de viver desse jeito. Talvez possa identificar outros sintomas além da insatisfação, como ansiedade, vergonha, inadequação, depressão, angústia contínua que não se explica…
Todos eles indicam que você está usando uma máscara para sobreviver que, pra piorar, é sustentada por uma ideia de normalidade. Você aprendeu que é normal ser assim, é normal ter esses sintomas. Por isso, sugiro que você comece identificando sua insatisfação: O que você gostaria que fosse diferente na sua vida? Você está onde realmente gostaria de estar?
Esse é o início do despertar, porque talvez esteja tão acostumado com a máscara que já não tenha mais notícia de quem é você ou daquilo que realmente quer. Pode ser que tenha sido completamente tomado pelo esquecimento e precisará de tempo e confiança para resgatar essas memórias. Entenda que você precisou usar essas máscaras por causa do medo de não sobreviver; por que achou que, sendo você mesmo, seria rejeitado, abandonado e talvez tivesse que passar por privações. Assim, para poder tirar essas máscaras, terá que encarar esse medo de frente, se valendo de muita confiança: serei aceito se for eu mesmo?
O fato é que no passado você não foi aceito e isso foi programado no momento que sua personalidade estava sendo desenvolvida. A estrutura básica da personalidade é formada nos sete primeiros anos de vida e as programações realizadas nessa fase ficam muito profundamente enraizadas. É possível desfazer o programa, zerar o HD, mas nesse ponto da trajetória você não vai mais se enganar acreditando que isso acontece magicamente: é um processo.
Desaprender a odiar é um processo. Reaprender a confiar é um processo. Eu estou aqui lhe dando algumas dicas, sugerindo que você identifique suas insatisfações, identifique os sintomas que indicam em quais situações você não pode ser você mesmo; identifique o que está te asfixiando. Aos poucos você vai confiando – confiando que é livre para ser você mesmo.